sábado, 28 de outubro de 2017

Para Todo Um - Neila Kadhí/ Fred Aquino

"Para Todo Um" é uma canção escrita em parceria por Neila Kadhí e Fred Aquino. Neila lembra que a composição surgiu há cerca de 8 anos quando recebeu a visita de Fred em momento oportuno. "Eu estava vivendo um momento de separação e ele também vivia uma situação particular nessa área da vida. Acabamos dialogando sobre relacionamentos amorosos, como às vezes os sujeitos envolvidos se encontram em momentos completamente diferentes, e levamos isso pra música", explica Neila. 
A parceria de Fred e Neila, que vem desde os tempos de escola, foi acionada para traduzir o que viviam naquele momento: "É uma canção sobre as afinidades, uma tentativa de entender o que leva a gente a se aproximar de alguém, bem como de entender que nessas relações a vontade de um nem sempre está de acordo com a vontade do outro", reflete Fred. 

A canção Para Todo Um foi gravada por Neila Kadhí em 2015. Logo após retornar de um período morando no exterior, ela voltou decidida a retomar as atividades musicais. Esse retorno foi marcado pelo envolvimento com o movimento musical Som das Binha - coletivo de mulheres musicistas que promovem repertório autoral  dentro circuito musical soteropolitano. "Eu cheguei no momento estruturante do Som das Binha e, busca algo interessante para apresentar, que reencontrei 'Para Todo Um'. Hoje ela é presença certa nas apresentações do grupo; é uma música que tem uma adesão bacana do público", conta Neila. 

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Samba é Sacerdócio - Gileno Félix/ Paulo Mutti


"Samba é Sacerdócio" é uma parceria do compositor Gileno Félix com o músico e produtor Paulo Mutti. A faixa acaba de ser lançada como o primeiro single do álbum solo da cantora baiana Aiace Félix e conta com a participação de Luiz Melodia, em um dos seus últimos registros. 
O samba teve nascimento há cerca de três anos atrás, quando Gileno - pai de Aiace, poeta e autor de sucessos  como "Me Abraça e Me Beija" - procurou por Paulo para uma primeira parceria: trazia no bolso da camisa versos a serem serem musicados. Animado com o convite, Paulo atendeu de pronto e desenhou samba nos versos em uma noite de trabalho. "Quando concluí pensei: 'nossa, isso ficaria lindo na voz de Luiz Melodia'. Eu ainda sequer o conhecia e percebi que tinha feito a música inspirado no cantar dele. Ele é pura classe e elegância na construção das suas frases melódicas", revela Mutti. 
E foi com esse lembrete que a canção foi apresentada a Aiace e acabou sendo escolhida para integrar o disco. “Achei linda e fiquei apaixonada pela música. Poucos meses depois eu e Paulo conhecemos Melodia por intermédio de meu pai e Ricardo Augusto, amigo em comum. Ele foi extremamente generoso e receptivo com a gente, com as músicas que mostramos. Fizemos o convite para que ele participasse e escolhemos gravar justamente a música composta para ele. Hoje é ainda mais forte escutá-lo cantando ‘eterno é o que não se sabe / o dia que chega ao fim”,  declarou a cantora ao portal Correio 24 horas. 
A faixa foi lançada com clipe em que Aiace e Luiz Melodia, no estúdio, interpretam em dueto os versos sobre o ofício do sambista, que é comparado a um jardineiro "que sabe plantar a flor / sabe as cores que ela tem/ pra fazer um samba bem do jeitinho do seu amor".

terça-feira, 24 de outubro de 2017

A Vida Me Chama Lá Fora - Duda Spínola/Marcos Guimarães

"A Vida Me Chama Lá Fora" é uma parceria de Duda Spínola e Marcos Guimarães. A canção foi escrita - provavelmente na estrada - quando os músicos ainda tocavam juntos na banda Adão Negro e acabou sendo a chave para que Duda abrisse as portas de sua carreira solo. "Estávamos gravando o álbum 'Mais Forte', que saiu em 2010, e no mesmo período resolvemos fazer um registro dessa composição meio que de brincadeira - já que ela entraria no disco do Adão. Foi nessa experiência que fiquei com vontade de gravar um álbum meu. O disco saiu em 2012 batizado com o nome da faixa e a gravação dela manteve a mesma pegada rock'n roll dessa primeira versão", explica Duda. 
Na mensagem direta de "A Vida Me Chama Lá Fora", os parceiros musicais refletem sobre o poder da palavra. "É uma inquietação que temos em comum. Muita gente confunde sinceridade com indelicadeza. A palavra é muito poderosa e o microfone acaba amplificando muito esse poder. As redes sociais também. Eu acho que devemos ser cuidadosos sempre, não 'pisar em ovos', mas usar esse poder para o bem.", reflete Duda.
A faixa ganhou também um videoclipe, em que Duda interpreta dois papéis: de um jovem executivo angustiado que resolve sair para curtir a noite soteropolitana e de si mesmo tocando na noite soteropolitana. A película é uma produção conjunta de Duda com o fotógrafo e videomaker Uanderson Brittes e Thyago Nascimento.

domingo, 22 de outubro de 2017

Apartamento 101 - Tertúlia Nalua

Apartamento 101 é uma canção escrita coletivamente pela banda Tertúlia na Lua. Ela surgiu antes mesmo da banda começar a ensaiar na referida morada de Cristhian, vocalista do grupo. "Na letra fiz uma uma reflexão sobre o próprio eu: 'onde encontrar?, como encontrar?'. Nos perguntamos se as pessoas fazem essas perguntas, até que ponto realizar o sonho é tão importante? O que nos motiva mesmo é a música, nossa necessidade diária de som e a interiorização que surge como resposta do nosso 'melhor Ser'", reflete Cristhian.
Tertúlia Nalua ( Thierry Sacramento, Christian Caffi e Jones Sacramento) posando no apartamento 101

A faixa é o primeiro single e a última faixa do próximo trabalho do grupo com previsão de lançamento para este mês de outubro. Na gravação destaque para a liberdade artística ofertada pela Tertúlia Nalua: frases melódicas de uma guitarra devidamente timbrada passeiam por toda a canção. O arranjo é marcado de interlúdios instrumentais, que fazem com que o Apartamento 101 se assemelhe a um recanto de muitas portas que podem levar o ouvinte a lugares diversos.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Um Prato de Comida - Alípio Argeu/ Bal Flores

"Um Prato de Comida" é uma parceria dos músicos Alípio Argeu e Bal Flores.  "Ela era só uma letra que com o tempo parecia que ia se perder. O pulo do gato para que viesse a ser gravada foi o encontro com Bal, guitarrista argentino. Ele foi o mentor da parte sonora dela, absorveu bem a letra. Sinto que foi como uma extensão de onde o meu horizonte musical não poderia chegar", explica Alípio. A faixa foi gravada e lançada em 2015 pela dupla, dando origem a parceria que hoje assinam como Alibal Conspiracy.  
Na letra de "Um Prato de Comida" Alípio trata do dilema da fome de maneira crua e realista. "É um misto de experiências pessoais (falta de grana) com inspirações diversas. Tem algo da ideia de Cícero de Roma de que já nascemos para morrer e também de um doc que assisti do Glauber Rocha, em que ele saía nas ruas perguntando as pessoas 'do que o povo brasileiro precisa'. Uma das respostas me marcou: 'é de um prato de feijão com arroz e carne seca", reflete Alípio.
A faixa apresenta também o exercício de liberdade artística defendido pela dupla: uma melodia cadenciada de rap é sobreposta por vozes que urram de dor e por guitarras saturadas de efeitos. O resultado é uma escuta preenchida por atmosfera sombria que confere densidade e urgência  à mensagem situação na letra.  A canção ganhou também videoclipe, em que os músicos aparecem em perfomance imersos em um cenário de abandono.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Mucuripe -Fagner/Belchior



Em 10 de junho de 1972, o cantor cearense Fagner lançava a primeira gravação de Mucuripe, canção escrita em parceria com o conterrâneo Belchior (in memorian). Ela saiu encartada na edição do jornal Pasquim como lado B do segundo volume da série Disco de Bolso (no lado A Caetano interpretava A Volta da Asa Branca de Luiz Gonzaga). 
Durante este ano, Fagner chegou a morar na casa da sua amiga Elis Regina. Por meio dela conheceu Ivan Lins, que foi convidado a tocar órgão e escrever o arranjo desta primeira gravação de "Mucuripe". A repercussão do lançamento foi curta, tendo funcionado apenas como pontapé inicial na carreira dos compositores cearenses. No mesmo ano, Mucuripe seria consagrada ao panteão das grandes canções brasileiras com a gravação da amiga Elis.

No livro, “No tom da canção cearense – Do rádio, e TV, dos lares e bares na era dos festivais (1963-1979)", do historiador Wagner Castro, Belchior conta que imaginou toda a situação da música, em que se via aconselhando a mulher de um marinheiro; "dizendo que ela deixasse receber todos os seus sofrimentos, todas as suas mágoas […] Então resolvi fazer uma música sobre isso; a questão do Mucuripe, do significado do nome e porque naquela altura Mucuripe era um local muito poético, com suas dunas […]" , afirmou Belchior. Além da gravação dos seus próprios compositores, "Mucuripe" já recebeu diversas versões, dentre elas a interpretação épica de Roberto Carlos e uma mais recente feita pela cantora Amelinha em disco-homenagem a Belchior.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Chula - Shuris Salomão

Chula é uma composição de Shuris Salomão gravada pela banda Os Jonsóns no EP Fubenga Extra Vagante (2014). O músico conta que a canção teve como inspiração a sua cachorra Bella (in memorian) , companheira da família por 8 anos. "Ela era um ser de hábitos livres, muito cheia de si, com um comportamento muito incomum para cachorros", explica Shuris. 
Foi a partir desse comportamento inusitado da cachorra que o músico escreveu uma letra ambígua que reflete também sobre a liberdade nos relacionamentos humanos. "Versa sobre esse lance de sair de casa, de ser livre e a contraposição, o outro lado, de quem não quer deixar isso acontecer. Ela traz uma proposta do tipo 'ei, troque sua liberdade total por uma condicional comigo'", reflete o Shuris. 
Chula é presença certa nos shows da banda Os Jonsóns e, em sua acertada dose de ironia, é uma boa representante do espírito livre emanado pela música do grupo. 

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Seu Amor (Xote em G Maior) - Victor de Almeida

Seu Amor (Xote em G Maior) é uma composição do músico Victor Almeida gravada pela banda Santos & Reis. Victor conta que ela foi inspirada nos ambientes de festa que vivenciou. "Ela retrata essa dinâmica das festas que vem desde Gonzagão fazendo forró num terreiro e hoje vai desembocar na megaestrutura de um show do Wesley Safadão. Ali está a mesma dinâmica: pessoas que saem de casa e a partir daquele encontro podem mudar o rumo de suas vidas", reflete Victor. 
A percepção sobre o habitat da folia transformou-se em canção e ganhou letra que reflete a experiência pessoal de Victor. "Dessas festas saem namoros, casamentos. Foi no meio dessa multidão que magicamente encontrei a minha namorada.Se eu tivesse ficado em casa naquele dia não teria conhecido ela, não teria vivido tudo isso que vivi. No meio dessa piração toda essa história fez mais sentido.", explica o cantor. 
"Seu Amor" foi lançada pela Santos & Reis no último dia 13, como um dos singles do primeiro EP a ser lançado pelo grupo. Musicalmente ela apresenta o encontro musical entre o rock e o xote feito pela banda de Itapetinga. 

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Ifé - André Dias


Ifé é uma composição do guitarrista André Dias gravada pela banda baiana ExoEsqueleto. O músico conta que a inspiração surgiu quando o baterista do grupo, Renato Almeida, contou com alegria a boa nova de sua paternidade."Ele nos disse que seria menino e que se chamaria Ifé. Em iorubá Ifé é Amor e também uma cidade da Nigéria considerada o berço das religiões dos Orixás. Assim que fiquei sabendo do significado do nome escolhido, resolvi homenagear o pequeno", conta André.
Nos shows da ExoEsqueleto a música costuma ser dedicada à família do baterista. A letra discorre sobre as etapas do amor, aqui entendido como o fruto da união de corpos/almas. "No primeiro verso me refiro a esse amor que dá origem a criança, já no segundo sobre o amor que cuidará do pimpolho já nascido. O refrão é sobre o susto inicial que imagino que deva fazer parte da descoberta de uma gravidez", reflete o guitarrista.
(Foto: Ana Paula Bispo)

Musicalmente, Ifé é um bom exemplo da fusão consciente entre elementos do rock e da música afro-brasileira feita pela banda Exoesqueleto. A busca da ancestralidade é o elemento que une e move os músicos. "A proposta da banda sempre foi mergulhar nesse universo: seja nas letras, na mescla de ritmos ou na indumentária mesmo. A chegada do percussionista Heverton Didoné foi a cereja do bolo", resume André.
(Foto: Ana Paula Bispo)

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Retirante Juvenil - Dan Borges

"Retirante Juvenil" é uma canção do músico Dan Borges que foi gravada pela banda Os Infames no disco Uma Ideia ou Outra (2011). O autor conta que a composição teve como inspiração o fascínio que as metrópoles provocam nos habitantes do Brasil rural. "Eu passei boa parte da minha adolescência no interior e sempre via o pessoal da minha idade querendo vir pra cidade grande. Eles achavam a vida no interior monótona, diziam que nada acontecia por lá. No caso das mulheres a vida ali aparentava ser ainda mais determinante: tudo parecia se resumir a casar e ser dona de casa", reflete Dan.

Foi a partir dessas reflexões que o músico criou a história de Luce, a protagonista da canção Retirante Juvenil. A letra narra a trajetória de uma adolescente que, inconformada em seguir o destino de vida previsível de sua comunidade, tenta a todo custo sair dali. A faixa ganhou um videoclipe que ilustra as tentativas de fuga da garota fascinada pela metrópole e possibilitou a Dan Borges um reencontro com suas origens em Conceição do Almeida, na Bahia. "Minha família quase toda é de lá, e foi exatamente ali, naquela região, onde eu tive a ideia de escrever a música. Então, nada mais justo do que gravar o clipe por lá", explica Dan. 
Retirante Juvenil é presença certa nos shows da banda Os Infames. Ela é a música do grupo que mais toca nas rádios e também a mais pedida do público nas apresentações. "Acho que é uma grande conquista para uma composição de mais de quatro minutos de duração e sem refrão!", brinca Dan. 

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Guerra Santa - Gilberto Gil


Guerra Santa é uma canção de Gilberto Gil gravada no disco Quanta (1997). A letra faz duras críticas aos Negócios da Fé, fazendo referência direta a um triste episódio de intolerância religiosa ocorrido no dia 12 de Outubro de 1995, data em que se comemora o dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Na madrugada daquele dia o bispo Sérgio Von Helder, da Igreja Universal do Reino de Deus, em transmissão ao vivo pela Rede Record de Televisão, deu pontapés na imagem da santa, ofendendo os praticantes da Religião Católica. 
Em meio a sua efusiva pregação evangélica, ao vivo na madrugada de celebrações em Aparecida do Norte, o bispo se referia a fé católica com desprezo, condenando o que chamava de "adoração a imagem de barro". E resolveu ilustrar a limitação de sua consciência, descontrolando-se e aplicando pontapés e socos enquanto ofendia verbalmente uma réplica da santa.
A violência praticada por Sérgio Von Helder tornou-se um escândalo e entrou para história como o episódio do "chute da santa". Ele foi denunciado em horário nobre na Rede Globo de Televisão, recebeu queixas na polícia e na justiça. Líderes espirituais de diferentes religiões (e também evangélicos) criticaram o ato. As discussões sobre o caso  estenderam por meses a fio, surpreendendo a opinião pública. Parte dessas reflexões floresce na sabedoria manifesta por Gil na canção Guerra Santa.

domingo, 8 de outubro de 2017

Tudo Acaba no Carnaval - João Paulo/Fagnes Maranhão


Hoje a banda alagoana Mopho se apresenta pela primeira vez em Salvador. Aproveitando a passagem do grupo pela programação do Festival Radioca, batemos um papo com o guitarrista João Paulo sobre a música "Tudo Acaba no Carnaval" que foi gravada no álbum Brejo (2017). 
                  (Fagnes Maranhão e João Paulo, parceiros em Tudo Acaba no Carnaval)
João conta que a canção surgiu há seis anos a partir do amigo Fagnes Maranhão, que não é músico, mas depois de escrever uma versos resolveu procurá-lo para uma possível parceria. "Ele me apresentou ela de uma forma bem rústica. Achei bonita a forma como ele colocou as palavras, acabei harmonizando e desenvolvendo o restante da letra", explica João.
A parceria aborda um relacionamento que se desfaz em meio ao universo das relações efêmeras que costumam se desenvolver nos Carnavais. "São aqueles grandes amores que duram quatro dias. Fica como uma ficção da minha parte, porque sempre tive relacionamentos longos. Ela é uma canção de amor para os corações partidos, bem direta: sem metáforas, sem rodeios", reflete o músico.
Por conta deste potencial comunicativo a faixa se destaca dentro do novo álbum da banda Mopho. "Tudo Acaba no Carnaval" traz um encontro de influências musicais da Jovem Guarda com fraseados etéreos de guitarra que remetem a linguagem de George Harrison. O resultado é mais uma pérola de originalidade que marcam a música rock feita pela banda Mopho. 

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Sorriso de Flor - Rafael Pondé

"Sorriso de Flor" é uma canção de Rafael Pondé. O músico recorda que ela foi escrita entre 2001 e 2002, depois que retornou de uma visita ao seu irmão em San Diego, na Califórnia. "Ela faz referência à essa visita e também a um amor antigo, mas é mesmo uma canção sobre a relação do homem com a terra. Tive um contato próximo com esse universo durante a minha infância/adolescência na fazenda do meu avô, em Itaberaba, e trouxe pra música muito destas reminiscências. Por isso escolhi gravá-la em xote que é um ritmo que representa a cultura nordestina", explica Rafael.
"Sorriso de Flor" foi gravada no disco "Átomos, Palavras e Canções" (2004), primeiro trabalho solo de Rafael. Na letra o compositor faz uma referência direta a labuta do trabalhador rural que "planta na roça pra vender na feira". "É um verso inspirado em um casal lá de Itaberaba, dona Maria (in memorian) e Seu Zinho. Eles de fato trabalhavam na roça durante a semana e levavam pra feira o que colhiam. Uma forma de expressar a admiração que tenho pela relação do sertanejo com a natureza", resume o músico.  
Desde que foi lançada, a canção de Rafael circulou para além do sertão baiano: alcançou boa execução em rádios brasileiras e ganhou a interpretação de diversos artistas, dentre eles da banda In Natura e do cantor baiano Carlos Pitta. Uma versão em drum'n bass  feita pelo DJ Roots para uma coletânea do selo Innerground Records fez com que "Sorriso de Flor" rodasse o mundo, tendo sido uma das faixas mais vendidas neste gênero dentre os anos de 2004/2005. "Ela até hoje está no meu repertório. É a minha música que alcançou maior sucesso", resume Rafael que hoje mora na Filadélfia e trabalha em um projeto musical voltada para a difusão do Forró.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

A Peleja do Diabo com A Flor - Neto Lobo


"A Peleja do Diabo com a Flor" é uma canção de Neto Lobo. O músico conta que ela teve como inspiração a infância vivida na cidade de Senhor do Bonfim - recanto do sertão baiano repleto de personagens míticos. "É uma canção sobre essa eterna luta do bem contra o mal. Na roça vivi a observar a labuta dos trabalhadores sertanejos, as injustiças,desigualdades e crueldades que enfrentavam", explica Neto Lobo. 
A faixa foi gravada no primeiro disco de Neto Lobo  e a Cacimba lançado em 2012 sob produção de André T.. Depois de percorrer o circuito rocker de Salvador, a faixa foi ser trabalhada no Rio de Janeiro, cidade em que a banda passou uma temporada. . "Resolvemos ir lá mostrar o nosso rock de tabaréu. Moramos no Rio cerca de 8 meses, fizemos várias apresentações no interior e na capital", conta o cantor. Provavelmente foi através desses shows que o disco da banda, não se sabe ainda como, foi parar na Rede Globo e "A Peleja do Diabo com A Flor" entrou na trilha sonora da novela Malhação Conectados.  
A boa aceitação da música rendeu ainda mais shows para o grupo, estendendo a circulação por outras capitais e por 22 cidades do interior baiano. A caravana da canção passou e Neto Lobo segue reconstruindo o seu imaginário em formato de canções. Depois de lançar o segundo disco Meu Pé de Umbu (2015), já prepara um novo álbum junto a Cacimba.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Oração de São Francisco - Padre Irala


No dia 4 de outubro é celebrada a trajetória de Francisco de Assis, peregrino italiano que em exemplo de Fé e humildade provocou uma revolução nas bases católicas da Igreja Católica Apostólica Romana. O Single do Dia abraça esta homenagem contando a história da música "Oração de São Francisco".Ao contrário do que se pensa, ela não é uma composição de autoria do santo italiano. Ela surgiu primeiro como "Oração da Paz" e até hoje não teve o seu autor identificado, tendo sido encontrada pela primeira vez na Normandia (França), no início do século XX, em período anterior à ocorrência da Primeira Guerra Mundial - o que talvez tenha sido um elemento motivador de sua mensagem de Paz. 

Anos depois. a Oração seria publicada a cidade de Roma em um cartão que trazia no verso a imagem de São Francisco, com a indicação da revista Souvenir Normand como fonte e um pequeno texto que a associava aos ensinamentos do santo italiano. Foi o suficiente para que fosse atribuída a Francisco. Depois de ser enviada ao Papa Bento XV pelo Marquês de la Rochetulon, fundador do semanário, a Oração correu o mundo, sendo acolhida por cristãos e até mesmo por seguidores de outras religiões.
A sua primeira adaptação musical foi feita pelo padre paraguaio Irala em 1968. Ele mesmo a interpretou no lanlamento de um compacto duplo. O disco foi bem recebido no mercado de música católica, tendo feito com que a canção se popularizasse inclusive no Brasil. Esta foi a releitura musical da oração que se popularizou no Brasil, tendo recebido diferentes versões. Destacamos aqui três delas e deixamos o leitor à vontade para pesquisar por outras: Fagner no álbum "O Quinze"(1989); Joanna no álbum "Joanna em oração" (2002) e Maria Betânia no álbum "Orações Na Voz de Maria Bethânia".
Importante registrar uma outra adaptação musical feita em espanhol por Dario Júlio Gianella Castañé, sob o pseudônimo Manasés, intitulada  "Señor, Haz de Mi uns Instrumento de Tu Paz" e que ganhou versão em português pelo curioso grupo cristão Os Meninos de Deus no álbum "Aperte... Não Sacuda" (1974).

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Aqui - Eric Assmar

"Aqui" é uma composição do guitarrista Eric Assmar, gravada no seu segundo álbum Morning (2016). O músico conta que ela foi escrita como uma espécie de resposta a outra canção de sua autoria. "Em o 'O Que Virá' - faixa que está no meu primeiro disco - parto de uma situação/relação ruindo pra falar de uma incerteza sobre o futuro em termos mais gerais. Já em 'Aqui' tentei revisitar essa situação/pensamento/sentimento de cinco anos atrás, olhar pra ele nesse outro tempo. Entram outras angústias, a sensação de que as coisas caminharam para outro lado", explica Eric. 
                                                                   
Mesmo depois de revelar um segredo do seu processo criativo - este diálogo entre as canções -,  o guitarrista prefere não fechá-lo em sentidos: "Tudo isso são visões minhas sobre as músicas. Não é uma coisa que tá muito notável ou explícita nas duas letras. Gosto também de deixar uma abertura interpretativa para que cada ouvinte faça a sua leitura individual", argumenta Eric. Musicalmente, "Aqui" apresenta a maestria de Eric em fazer a sua guitarra dialogar com o seu canto. O instrumento de cordas "bluesifica" a balada atribuindo densidade emocional à letra. 
                                                                          (Foto: Uanderson Brittes)
"Aqui" e "O Que Virá" são duas das canções em português já gravadas pelo Eric Assmar Trio. Nos discos elas convivem com outras escritas em inglês sem causar estranhamento nos ouvintes - dada a naturalidade com que o bluesman transita entre os idiomas.  "Trabalho em cima dos acordes e melodias e penso em como encaixar as palavras. Às vezes surgem palavras em inglês, outras em português. Vou seguindo essa intuição que a parte musical previamente me dá, mas sem uma intenção categórica de que seja em uma ou outra língua", explica o guitarrista. 

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Odoyá - Agnaldo Mattos/Nilo Ramos

"Odoyá" é uma parceria musical de Agnaldo Mattos e Nilo Ramos gravada pela banda Mr. Bobby. "Tudo começou quando desejamos ir contra a maré da mesmice em que a maioria das músicas de pagode da época se encontrava. A ideia era produzir um álbum do gênero que ampliasse o repertório de assuntos do estilo. Estávamos com quase tudo pronto quando sentimos a necessidade de desenvolver mais um assunto. Só que a música não saía", explica Nilo, vocalista da Mr.Bobby. 
Naquele que foi estipulado como o último dia para conseguir a música que fecharia o disco, Nilo lembrou do amigo compositor Agnaldo. O vocalista confessa que sentiu vergonha na hora do pedido, por se tratar de uma canção de pagode e achar que o amigo tinha aversão ao estilo. "Eu quis saber o porquê da vergonha. Expliquei que só não gosto de muitas das letras do gênero, mas que seria legal fazer uma letra para o pagode, afinal, seria mais útil do que apenas criticar, como vejo muitos compositores fazerem com o funk, por exemplo", explica Agnaldo.  
(Nilo, Agnaldo Mattos e o percussionista Heverton Didoné)
Acertados os ponteiros, o laboratório musical iniciou os trabalhos. "Fomos amarrando as ideias. Eu pensei em um músico que ganha o pão através do batuque - era uma ideia que já habitava na minha mente. O 'toque' de guerreiro é na verdade o toque de trabalho sonoro dele", revela Agnaldo. Um dos versos ("que pra ter sangue bom é só ser sangue bom") Agnaldo já tinha escrito no mesmo dia, sem sequer saber da visita de Nilo. 
Depois de um período morando no Sul do país, Nilo retornou a Salvador e no reencontro com Agnaldo divulgou um registro em vídeo de Odoyá sendo cantada em dueto, só que dessa vez em ritmo de reggae. A força da canção prevalece em versos que dialogam diretamente com o linguajar das ruas soteropolitanas e referenciam a formação cultural de raízes africana e indígena.